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Homem sentado à mesa minimalista com uma planta, um computador e uma caneca de café.

O estilo de vida focado em viver com menos bens materiais, olhando para o que realmente importa, torna-se cada vez mais pauta das discussões. Rodas de conversa, estudos, debates e, inclusive, documentários sobre minimalismo estão se debruçando sobre o tema para entender seus benefícios em escala individual e social.

Nesse contexto, o longa-metragem Minimalism: a documentary about the important things (em tradução livre, “Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam”), disponível na Netflix, reúne pessoas para relatar suas vivências pessoais e como elas trazem felicidade.

Para entender a definição de minimalismo, debruçar-se sobre o documentário e conferir dicas para tornar-se adepto da causa, continue a leitura do nosso texto!

Clique para acessar o infográfico sobre 15 ações individuais que mudam o mundo.

O que é minimalismo?

Conceitualmente, o minimalismo é um estilo de vida em que se opta por ter menos coisas (como objetos, utensílios, peças no guarda-roupa, entre outros itens). Trata-se da diminuição do consumo exagerado e compulsivo movido por duas linhas de pensamento: “eu realmente preciso do que estou comprando?” e “o que eu sinto com a aquisição deste produto?”.

O termo faz referência aos movimentos artísticos, culturais e científicos que surgiram entre os anos de 1950 e de 1960, em Nova Iorque. A filosofia começou, então, a ser cada vez mais compartilhada, tornando-se um movimento que angaria inúmeras pessoas para viver uma vida com menos.

É importante destacar que o minimalismo não se trata, necessariamente, sobre deixar de comprar, mas em adquirir com consciência e pensando nos impactos que geramos para todo o ecossistema.

Mulher lendo e sentada em uma cadeira em um ambiente minimalista.
O minimalismo é um movimento que preza por ter, ao redor de você, o que te proporciona bons sentimentos.

O foco das discussões está na relação entre consumo desenfreado e felicidade, de forma que os adeptos diminuem o ritmo em que gastam dinheiro para focar em como se sentem ao compreender que ter não é o mesmo que se realizar.

Com o tempo, essas pessoas começam a valorizar aspectos que vão para além das coisas (ou dos bens materiais). Os minimalistas focam sua energia e seu prazer no compartilhamento, nas memórias e na realização pessoal por meio de atitudes.

Os benefícios do movimento se estendem para inúmeros ramos da sociedade. Partem da vida individual para impactar na economia, na natureza (visto que as indústrias são as principais responsáveis pelo desmatamento) e nas relações sociais. Altera, portanto, todo o ecossistema em que estamos inseridos.

Uma boa forma de entendermos melhor o conceito é partindo para uma obra artística sobre ele, como Minimalism, um documentário sobre as coisas importantes da vida.

O documentário: Minimalism – A documentary about the important thing

Uma boa forma de compreender mais sobre o minimalismo é buscando por experiências de pessoas que vivem e estudam a causa. Nesse sentido, esse documentário é uma maneira de se familiarizar com a pauta. Confira o trailer:

Minimalism reúne minimalistas (como Joshua Fields Millburn & Ryan Nicodemus, fundadores do site The Minimalists e autores de diferentes livros, como Everything that Remains), arquitetos, psicanalistas, estudiosos do mercado financeiro e profissionais de outros ramos para explicar como o estilo de vida é capaz de causar diferentes impactos sociais, além de salientarem a importância e a relevância da causa.

O documentário é aberto com a metáfora sobre a eterna caçada, que, conforme a fala desenrola, percebemos ser a busca por felicidade. Nos primeiros minutos, o narrador nos leva a pensar sobre qual exatamente a relação entre estar contente e desejo de aquisição.

Entendemos, conforme o filme continua, como somos programados para querer comprar e como relacionamos, inconscientemente, ser completo com posse de materiais. Dessa forma, o documentário nos leva a pensar o modo como nos relacionamos e como lidamos com as coisas.

Joshua e Ryan, em suas palestras, gostam de frisar que o minimalismo não é uma obrigação, mas uma receita de bolo que, talvez, mais pessoas possam usar os ingredientes. É essa a motivação deles para continuarem falando sobre o tema e para terem mudado completamente sua vida (que, depois das transformações, tornou-se muito mais feliz).

Em um dos momentos presentes no documentário, Ryan ilustra como funciona o minimalismo no nível de consumo e na vida íntima ao afirmar:

“Imagine uma vida com menos. Menos coisas, menos desordem, menos estresse, menos dívidas e insatisfações. Uma vida com menos distrações. Agora, imagine uma vida com mais. Mais tempo, mais relacionamentos com sentido. Mais crescimento, contribuição e contentamento”.

A fala nos leva a pensar sobre a relação entre minimalismo e desaceleração, outro termo cada vez mais difundido, que preza por parar com essa tendência de estar sempre correndo que o mundo moderno instaurou. 

Para isso, Shannon Whitehead, consultora de moda sustentável, introduz a relação entre o estilo de vida e o fast fashion, um movimento que ganhou força e prega pelo consumo desenfreado de roupas e de artigos de vestuário. A profissional salienta, ainda, como a produção exagerada dessas peças afeta o meio ambiente e os recursos naturais.

Outra ideia interessante e que se relaciona com as pautas da cultura regenerativa é comentada por Jacqueline Schmidt e David Friedlander: quando eles passaram a ser adeptos do minimalismo, tornou-se mais comum pedirem coisas aos amigos.

Jacqueline Schmidt e David Friedlander (participantes do documentário), em sua casa.
Jacqueline Schmidt e David Friedlander, em cena do documentário. Foto: Reprodução | Adoro Cinema

Logo, surge a noção de comunidade, em que você não precisa, como relatado por Jacqueline, comprar um vestido, visto que pode pegar emprestado um modelo com seu grupo de amigos.

O minimalismo vem, portanto, como uma possibilidade de compartilhar, de doar, de desacelerar, de salvar o planeta e de gerar impactos para além da vida íntima. Como o próprio Joshua aponta, ele traz consigo a ideia de amar pessoas e usar coisas, “porque o contrário nunca dá certo”.

O que podemos aprender?

Entendendo o conceito e os pontos-chave do documentário, a pergunta que fica é “o que aprendemos?”. A primeiro momento, conseguimos perceber que a relação entre felicidade e compras não é exatamente real. Somos levados a acreditar que, sim, adquirir um produto nos deixará mais contentes. No entanto, conforme um modelo novo é lançado, a tendência é retornar à insatisfação.

Podemos compreender, também, que não precisamos de tudo que temos à nossa volta para viver. Dezenas de roupas no armário, estantes repletas de livros, objetos decorativos em excesso, entre outros itens não irão nos deixar mais completos.

Por outro lado, isso não quer dizer que você deva acordar um dia e simplesmente colocar tudo para fora ou doar o seu guarda-roupa inteiro. É preciso analisar o que está à nossa volta para entender se aquilo é necessário, qual sentimento nos causa e se ainda é preciso manter determinado objeto por perto. Caso não seja, o item muito provavelmente será útil a outra pessoa.

Mulher organizando o guarda-roupa e separando peças para doar.
Colocar o minimalismo como filosofia de vida deve ser uma tarefa em processos, a partir da análise dos objetos à sua volta.

É importante voltarmos nossa atenção, ainda, para os impactos que o consumo desenfreado causa no planeta. Nessa vertente, tornar-se adepto do minimalismo é uma forma de zelar pela natureza e pela diminuição de uma escala de produção que afeta todo o ecossistema da Terra.

Observar a relação entre “o que eu quero” e “o que eu preciso” permite a percepção de como toda a indústria midiática nos atinge e gera, ainda, a sensibilidade de poder contar com o outro.

Quando entende-se que não precisamos de um novo moletom só para aquela festa, compreendemos que é possível pedir a alguém próximo o modelo, higienizar devidamente e devolver depois. Assim, deixamos de ter coisas para ter relações

O minimalismo surge como uma prática de autocuidado que faz com que analisemos o que está à nossa volta para ressignificar os itens de forma afetuosa e consciente. Trabalhamos emoção e razão ao nos questionar se e porque queremos determinado objeto.

Como levar as ideias do minimalismo para nossa vida?

Se, após assistir o documentário e entender os benefícios do minimalismo, surgiu em você a vontade de aplicar a filosofia em sua vida, é importante ir com calma.

Uma possibilidade é aplicar um dos métodos do próprio documentário, explicado por Courtney Carver: o projeto 333. Consiste em selecionar 33 artigos de vestuário (entre roupas, acessórios e calçados) para serem usados por três meses.

Participante do documentário sentado com seus poucos objetos ao redor.
O projeto 333 é uma das formas de começar a inserir o minimalismo no dia a dia. Foto: Reprodução | Rotten Tomatoes

Durante esse tempo, você criará combinações apenas com as peças selecionadas. Essa atitude é indicada para começar porque leva à compreensão de que não usamos tudo que está no guarda-roupa. Ao mesmo tempo, faz você analisar o que exatamente é útil dentro da rotina.

O próximo passo é doar. Entendendo quais peças não saem do seu armário há um tempo, separe-as para dar a quem precisa. Assim, você estimula a solidariedade e ajuda o próximo enquanto muda seus hábitos.

O guarda-roupa é apenas o primeiro passo. Comece a analisar sua casa, as gavetas da sala, a cozinha e outros ambientes que podem estar repletos de utensílios que não são mais úteis dentro da sua rotina. 

É sempre bom lembrar que a ideia do minimalismo é incitar o menos é mais de forma prazerosa. Logo, se você adora sua coleção de livros, não tem porque doá-la para abrir espaço na sala. Afinal, ela te fará uma falta emocional.

Levar em consideração as perguntas por trás do consumo consciente também é uma boa opção, que impacta diretamente o costume de adquirir desenfreadamente a que somos expostos todos os dias. São elas:

  • Por que comprar?
  • O que comprar?
  • Como comprar?
  • De quem comprar?
  • Como usar?
  • Como descartar?

Essas questões acompanham toda a vida do produto, de forma que faz você pensar sobre o motivo da compra, qual a melhor opção, com qual fornecedor adquirir, qual a melhor forma de cuidar do item e, após a utilização, como descartá-lo de forma consciente.

Aos poucos, você vai remodelando sua casa com apenas o que precisa e consegue, assim, inserir o minimalismo na sua vida íntima. Dessa forma, auxilia na regeneração do planeta ao pensar seus hábitos de consumo e os impactos dele pessoal e coletivamente.

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