Quanto tempo o tempo tem: documentário para a vida!
Muitas vezes, obras artísticas lançam sobre pautas modernas uma visão fundamental para que pensemos as relações que estamos construindo e qual será, exatamente, o futuro da existência humana.
É isso que o documentário “Quanto tempo o tempo tem” faz, utilizando dos ciclos e de diferentes sociedades para analisar a forma como lidamos com os dias, meses e anos.
Dirigido pelos brasileiros Adriana Dutra e Walter Carrasco, a obra tem chamado a atenção ao lançar uma reflexão sobre o tempo, a civilização e o futuro, principalmente ao analisar como todos vivemos em momentos diferentes, mesmo que todos eles aconteçam no presente.
Para que fique mais claro compreender o documentário, é preciso analisá-lo de forma separada, voltando a atenção para cada um dos constituintes da narrativa. Conheça, abaixo, “Quanto tempo o tempo tem” e reflita sobre a obra!
O documentário
Desenvolvido com recursos públicos, o documentário (disponível na Netflix) é nacional e debate, principalmente, como (hoje) sempre corremos sem motivos e de qual forma a questão do tempo varia de acordo com as sociedades e com a subjetividade de cada um. Confira o trailer:
A obra cinematográfica é iniciada com um monólogo envolvente da própria diretora, Adriana Dutra, que lança um olhar sobre como, na modernidade, tudo sugere velocidade e urgência, ao mesmo tempo em que destaca o tempo e a falta dele no mundo contemporâneo.
Para que olhemos mais profundamente para a pauta, os diretores convidaram filósofos e teóricos para retomar historicamente como as civilizações lidavam com o tempo.
Entendemos que os ciclos são anteriores à vida humana e, para além disso, são os responsáveis por ela. Foi por meio da análise da natureza – e para que nossa própria existência se desenvolvesse – que começamos a cronometrar e a desejar controlar o tempo, ação iniciada na Grécia Antiga, quando precisavam contabilizar o tempo de fala de oradores.
Naquela época, as pessoas não viviam o mesmo tempo. O camponês, se orientava de acordo com a natureza; o padre, com o cronômetro da liturgia; o soldado pela ordem e manutenção.
Foi o relógio mecânico quem tentou instaurar a noção de que todos vivemos o mesmo período e de que seguimos as mesmas regras para contabilizar nossas horas.
A revolução industrial do século XIX possui papel fundante no estabelecimento do tempo como forma de vida cotidiana. Com as fábricas, as horas de trabalho e a necessidade de bater o ponto, a vida passa a ser regrada por períodos de tempo.
Inventa-se, portanto, o tempo. Estabelece-se que o dia terá 24 horas, formadas de 60 minutos, e todos passam a seguir essa noção dentro de um calendário. Foi o próprio tempo, inclusive, que proporcionou a criação de dispositivos que, cada vez mais, o controlasse.
Esse fato levou a um processo de aceleração da própria consciência. A velocidade tornou-se mais comum, de forma que tudo está constantemente correndo.
Chega-se, enfim, na era da internet, a qual “quebra” a noção de espaço. O tempo – de comunicação, de acesso, de troca – torna-se instantâneo. Esse fato, principalmente, gera a sensação de urgência, por permitir que estejamos em contato direto a qualquer momento.
Todas essas transformações, segundo os especialistas do documentário, repercutem também na alteração da felicidade pessoal, porque a forma como temos acesso à comunicação é muito rápida. A dificuldade, portanto, é organizar as informações e entender a instantaneidade ao mesmo tempo em que podemos ser felizes.
O excesso de informações está completamente vinculado ao sentir-se bem porque, quando não conseguimos organizar tudo que estamos vendo, passamos por mudanças pessoais sem que tenhamos noção, o que resulta em desorientação, em infelicidade e em falta de compreensão.
Toda essa agilidade nos leva, ainda, às reformulações das relações interpessoais, que, cada dia mais, são alteradas graças à forma como estamos lidando com a passagem – e o “melhor” uso – do tempo. Conversamos menos pessoalmente, mas estamos toda hora conectados uns aos outros.
Outro ponto levantado durante o documentário é a relação entre tempo e trabalho, visto que, para além do salário, compra-se o período do dia de determinado indivíduo. Logo, sem que percebamos, estamos vendendo partes de nossas vidas.
Nesse sentido, “usar bem o tempo” seria gerar conteúdos e bens (em outras palavras, trabalhar). Dessa forma, precisa-se de horas para que se produza durante elas – e voltamos ao ciclo da urgência e da velocidade em que estamos vivendo.
Ao final do documentário, há o incômodo do futuro. Se, cada vez mais, homem e máquina se fundem através do tempo, o que acontecerá nos próximos anos? Como nossa existência será reformulada? Iremos nos tornar “metade gente e metade máquina”?
O que ficam são, em sua maioria, perguntas. Questionamentos que nos fazem refletir sobre como lidamos com a passagem dos dias, dos meses, dos anos, e por aí vai.
A certeza, todavia, é de que temos o tempo. Sempre teremos, porque, afinal, ele continua graças à sua característica de, ao que tudo indica, ser infinito.
Como você está lidando com o tempo?
Tudo isso nos leva à pergunta que dá nome ao próprio documentário: quanto tempo o tempo tem? E mais: como me orientar no meio dessa passagem?
A resposta, para muitos, é a meditação, por conta de seu caráter “presentificante”. A ideia é se colocar no agora, tentar se distanciar da enxurrada de informações que o tempo todo pipocam na tela do celular. Assim, é possível se desligar, pelo menos por alguns minutos.
Nutrir bons momentos, sozinho ou ao lado de alguém especial, também é uma boa forma de lidar com a passagem do tempo. Dessa forma, torna-se possível criar memórias e momentos de qualidade.
É impossível de fato dizer quanto tempo o tempo tem, porque ele é relativo. O que podemos fazer é nos assegurar de que estamos usando o nosso de uma forma que seja benéfica para todos.
Diminua o ritmo, consuma arte, converse com seus amigos, mantenha quem ama por perto, cuide de si. Para além da agilidade cotidiana, são esses lapsos de tempo que farão a passagem dos dias ser positiva.
Os especialistas
No decorrer do documentário, especialistas e estudiosos entram em foco para comentar sobre o tempo, sua passagem e como estamos lidando com ele na contemporaneidade. Conheça-os melhor abaixo:
Imagem: Reprodução | Liberation | André Comte-Sponville |
Marcelo Gleiser | Imagem: Reprodução | Folha de São Paulo |
Imagem: Reprodução | Paris Normandie | Thierry Paquot |
Luiz Alberto Oliveira | Imagem: Reprodução | Artepensamento |
Imagem: Reprodução | Business Insider | Raymond Kurzweil |
Erick Felinto de Oliveira | Imagem: Reprodução | Lattes |
Imagem: Reprodução | Profissão Biotec | Stevens Rehen |
Domenico de Masi | Imagem: Reprodução | IstoÉ |
Imagem: Reprodução | Casa Vogue | Alexandre Kalache |
Analice Gigliotti | Imagem: Reprodução | Veja Rio |
Max More | Imagem: Reprodução | Kurzweil Al |
Entender sua relação com o tempo é importante para analisarmos nossos hábitos e nutrirmos mais momentos positivos, que gerem a sensação de que, sim, estamos aproveitando cada parte da vida.
Para receber mais conteúdos e dicas de documentários e de textos para leitura, assine a newsletter da Editora Bambual preenchendo o formulário abaixo. Depois, basta ficar de olho na sua caixa de e-mails!
Como ter uma boa alimentação: dicas e alimentos importantes
Ao contrário do que se acredita, a resposta para a questão “como ter uma boa alimentação?” não envolve dietas e restrições alimentares. Na realidade, ela consiste em manter o hábito de consumir ingredientes ricos em vitaminas e minerais, que te dão a energia necessária durante o dia.
Além de selecionar o que comer, a alimentação saudável consiste em desenvolver práticas que trazem bem-estar e melhoram a qualidade de vida. Por isso, vale a pena avaliar como você está cuidando do seu corpo e mente sempre que possível.
Para te ajudar nesse processo de observação, separamos alguns hábitos para ter uma alimentação saudável e melhorar seu estilo de vida. As dicas são válidas do café da manhã ao jantar, portanto, inclua-as na sua rotina!
Como ter uma alimentação saudável?
É importante se lembrar que alimentação saudável não significa deixar de comer, mas olhar para o que está sendo consumido e para a frequência. Certamente, uma rotina com alimentos integrais, legumes e verduras resultará em um corpo mais saudável e com os nutrientes e vitaminas necessários para o bom funcionamento.
Todavia, isso não significa que lanches e pizzas precisam ser excluídos da sua dieta. A questão é dosar e cuidar para que um prazer não se torne um hábito, afinal, além de não serem tão saudáveis, esses alimentos pesam no bolso no final do mês.
Com hábitos saudáveis e alimentos ricos em nutrientes, é possível cuidar do que você come de forma simples e prática. No começo, pode até parecer mais complicado, porém, com o tempo, eles logo farão parte da rotina. Compreenda cada uma das práticas:
1. Coma devagar
Na correria do dia a dia, é comum ligarmos o automático e realizarmos a refeição o mais rápido possível para voltarmos às atividades cotidianas. No entanto, alimentar-se é um hábito que precisa de calma para evitar refluxos e até sonolência.
Observar o que está no seu prato e mastigar devagar é fundamental para comer vagarosamente. Nesse momento, olhe para a comida com o sentimento de gratidão, pensando em cada pessoa que se envolveu no processo de cuidado do alimento.
Diariamente, inúmeras pessoas cuidam para que a comida chegue em nossa casa. Agradecer essas pessoas faz você olhar o todo e se colocar como parte de um sistema.
A partir desse pensamento, comece a reparar nos sabores e no aroma do que está ingerindo. Dessa forma, com certeza irá realizar as refeições com a perceção do que o alimento é e de qual sentimento ele surte em você. Todo o processo será muito mais prazeroso!
2. Hidrate-se
Manter-se hidratado é fundamental para o bom funcionamento do corpo. A água é necessária para nossa existência e melhora a saúde da pele, do cérebro, o desempenho físico, a digestão, o funcionamento dos rins e, claro, evita a desidratação.
Ao contrário do que muitas pessoas repetem, não existe uma quantidade exata de água que cada pessoa deve ingerir. Na realidade, essa conta é individual e cada um deve fazer a sua.
Ela multiplica o peso do indivíduo pela medida de 35 ml de água. Logo, uma pessoa com 68 quilos deverá realizar a seguinte conta: 68 x 0,035 – que resulta em 2,38 litros de água por dia.
Vale ressaltar, ainda, que essa conta não leva em consideração outros líquidos consumidos durante o dia (como sucos e chás). Elas podem ser entendidas como bebidas extras, e consumidas sem moderação.
Para quem não tem o costume de beber água e quer estimulá-lo, existem algumas alternativas interessantes. O aplicativo Aqualert (disponível para Android e para iOS) envia notificações durante o dia para que você não se esqueça de se hidratar.
A água saborizada também é uma ótima opção. Existem inúmeras receitas na internet de ingredientes que você pode colocar em uma garrafa junto com o líquido, deixando-o com o sabor suave da fruta, por exemplo.
Além da hidratação, a água saborizada ainda leva, ao corpo, os nutrientes presentes nas frutas e nas raízes (como o gengibre) inseridos na garrafa. Por isso, é uma boa escolha para os dias quentes e para quem não gosta muito do sabor inexpressivo da água.
3. Cuidado com industrializados
Alimentos industrializados são repletos de conservantes e componentes que alteram suas propriedades e, muitas vezes, a longo prazo, causam malefícios ao corpo.
Por isso, na hora de adquirir os produtos para sua casa, opte por comprá-los em armarinhos e feiras, a fim de evitar corantes químicos e agrotóxicos. Assim, ainda ajuda os fornecedores locais a se desenvolverem.
Cada vez mais, hortas urbanas estão sendo desenvolvidas em comunidades, a fim de aumentar as áreas verdes e levar alimentos de qualidade para as pessoas. Geralmente, os legumes e vegetais cultivados nesses ambientes são de ótima procedência!
Você também pode criar uma hortinha na sua casa, plantando temperos e vegetais mais simples, pelo menos no começo. Serão necessários apenas vasos, terra, adubo, água, sol e as mudinhas. Assim, garante que os alimentos estarão bem cuidados e ajuda a criar áreas verdes nas cidades.
Optar por orgânicos e integrais também é uma boa ideia, visto que essas comidas são livres de agrotóxicos, de conservantes e passam por menos processos químicos.
4. Faça de 4 a 6 refeições por dia
Ouvimos, frequentemente, que precisamos de três refeições diárias. É importante ter em mente que esse é o mínimo. O ideal é se alimentar de quatro a seis vezes, dividindo em café da manhã, lanche da manhã, almoço, café da tarde, jantar e lanche da noite.
Assim, evita ter picos de fome, que levam a refeições grandiosas (as quais, por sua vez, darão sono e podem não ser tão bem utilizadas pelo corpo na hora de digerir os nutrientes). Por isso, crie a rotina de consumir alimentos em partes “quebradas” do dia.
Outra dica importante é inserir frutas nessas refeições. Elas são ricas em fibras, em vitaminas e em minerais, sendo fundamentais para uma boa alimentação. Tente variar o alimento durante o dia, garantindo que terá acesso a diferentes nutrientes e vitaminas.
Alimentos para ter por perto
Quando falamos sobre alimentação, existem certas classes de comidas que é sempre bom ter por perto para uma dieta rica em vitaminas e em nutrientes.
Legumes e verduras
São a primeira classe que merecem atenção, em especial os de coloração verde escura (como brócolis, couve e rúcula). Esse tom é característico de alimentos ricos em ferro.
Frutas
As frutas também são de extrema importância. Uma boa é adquirir as da estação, que serão mais baratas. Para esse alimento, variedade é o que importa. Maçãs, bananas, morangos, mangas, melancias, cada uma possui seus benefícios e podem ser consumidas durante o dia ou inseridas na sua água saborizada.
Grãos
Os grãos, as sementes e as oleaginosas também são fundamentais na nossa rotina. Alguns, como feijão e arroz, consumimos comumente. Outras, vale a pena inserir, como a aveia, a castanha-do-Pará, a ervilha e o amendoim.
Cortes magros de carne
Para quem come carne, a dica é dar preferência para cortes magros e para as brancas, como frango e, principalmente, peixes. Dessa forma, você garante pouca gordura no organismo.
Opções para se alimentar bem e gastar pouco
Atualmente, existem inúmeros conteúdos online para conseguir ter uma boa alimentação sem gastos exorbitantes, afinal, existem alimentos saudáveis que são mais caros e não tão acessíveis.
Na hora de realizar a compra, uma opção (além de hortas urbanas) é o Saladorama, um projeto criado para democratizar a alimentação saudável, segura e ecologicamente consciente em periferias.
Por meio do site, é possível solicitar a entrega dos alimentos diretamente na sua casa. Além disso, você pode buscar o Instituto Saladorama na sua comunidade, um órgão responsável por promover acesso à formação nutricional e ao empreendedorismo.
Outra dica interessante é o canal Larica Vegana, criado por Luisa e Tito Motta. O objetivo dos conteúdos feitos por eles é ilustrar como o veganismo é uma opção prática, simples e barata. Vale a pena conferir e se informar por meio dos vídeos.
Ter uma boa alimentação é, com certeza, sobre analisar o que você está comendo, fazer escolhas benéficas ao seu bem-estar físico e mental e agradecer, sempre, pela dádiva de ter um prato cheio.
No blog da Editora Bambual, você encontra textos sobre saúde mental, futuro, construção de um novo mundo, dicas de documentários, de filmes e muito mais! Para receber as novidades em primeira mão, cadastre-se no formulário da newsletter abaixo e fique de olho na sua caixa de entradas do e-mail!
Documentário sobre minimalismo: como menos é mais
O estilo de vida focado em viver com menos bens materiais, olhando para o que realmente importa, torna-se cada vez mais pauta das discussões. Rodas de conversa, estudos, debates e, inclusive, documentários sobre minimalismo estão se debruçando sobre o tema para entender seus benefícios em escala individual e social.
Nesse contexto, o longa-metragem Minimalism: a documentary about the important things (em tradução livre, “Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam”), disponível na Netflix, reúne pessoas para relatar suas vivências pessoais e como elas trazem felicidade.
Para entender a definição de minimalismo, debruçar-se sobre o documentário e conferir dicas para tornar-se adepto da causa, continue a leitura do nosso texto!
O que é minimalismo?
Conceitualmente, o minimalismo é um estilo de vida em que se opta por ter menos coisas (como objetos, utensílios, peças no guarda-roupa, entre outros itens). Trata-se da diminuição do consumo exagerado e compulsivo movido por duas linhas de pensamento: “eu realmente preciso do que estou comprando?” e “o que eu sinto com a aquisição deste produto?”.
O termo faz referência aos movimentos artísticos, culturais e científicos que surgiram entre os anos de 1950 e de 1960, em Nova Iorque. A filosofia começou, então, a ser cada vez mais compartilhada, tornando-se um movimento que angaria inúmeras pessoas para viver uma vida com menos.
É importante destacar que o minimalismo não se trata, necessariamente, sobre deixar de comprar, mas em adquirir com consciência e pensando nos impactos que geramos para todo o ecossistema.
O foco das discussões está na relação entre consumo desenfreado e felicidade, de forma que os adeptos diminuem o ritmo em que gastam dinheiro para focar em como se sentem ao compreender que ter não é o mesmo que se realizar.
Com o tempo, essas pessoas começam a valorizar aspectos que vão para além das coisas (ou dos bens materiais). Os minimalistas focam sua energia e seu prazer no compartilhamento, nas memórias e na realização pessoal por meio de atitudes.
Os benefícios do movimento se estendem para inúmeros ramos da sociedade. Partem da vida individual para impactar na economia, na natureza (visto que as indústrias são as principais responsáveis pelo desmatamento) e nas relações sociais. Altera, portanto, todo o ecossistema em que estamos inseridos.
Uma boa forma de entendermos melhor o conceito é partindo para uma obra artística sobre ele, como Minimalism, um documentário sobre as coisas importantes da vida.
O documentário: Minimalism – A documentary about the important thing
Uma boa forma de compreender mais sobre o minimalismo é buscando por experiências de pessoas que vivem e estudam a causa. Nesse sentido, esse documentário é uma maneira de se familiarizar com a pauta. Confira o trailer:
Minimalism reúne minimalistas (como Joshua Fields Millburn & Ryan Nicodemus, fundadores do site The Minimalists e autores de diferentes livros, como Everything that Remains), arquitetos, psicanalistas, estudiosos do mercado financeiro e profissionais de outros ramos para explicar como o estilo de vida é capaz de causar diferentes impactos sociais, além de salientarem a importância e a relevância da causa.
O documentário é aberto com a metáfora sobre a eterna caçada, que, conforme a fala desenrola, percebemos ser a busca por felicidade. Nos primeiros minutos, o narrador nos leva a pensar sobre qual exatamente a relação entre estar contente e desejo de aquisição.
Entendemos, conforme o filme continua, como somos programados para querer comprar e como relacionamos, inconscientemente, ser completo com posse de materiais. Dessa forma, o documentário nos leva a pensar o modo como nos relacionamos e como lidamos com as coisas.
Joshua e Ryan, em suas palestras, gostam de frisar que o minimalismo não é uma obrigação, mas uma receita de bolo que, talvez, mais pessoas possam usar os ingredientes. É essa a motivação deles para continuarem falando sobre o tema e para terem mudado completamente sua vida (que, depois das transformações, tornou-se muito mais feliz).
Em um dos momentos presentes no documentário, Ryan ilustra como funciona o minimalismo no nível de consumo e na vida íntima ao afirmar:
“Imagine uma vida com menos. Menos coisas, menos desordem, menos estresse, menos dívidas e insatisfações. Uma vida com menos distrações. Agora, imagine uma vida com mais. Mais tempo, mais relacionamentos com sentido. Mais crescimento, contribuição e contentamento”.
A fala nos leva a pensar sobre a relação entre minimalismo e desaceleração, outro termo cada vez mais difundido, que preza por parar com essa tendência de estar sempre correndo que o mundo moderno instaurou.
Para isso, Shannon Whitehead, consultora de moda sustentável, introduz a relação entre o estilo de vida e o fast fashion, um movimento que ganhou força e prega pelo consumo desenfreado de roupas e de artigos de vestuário. A profissional salienta, ainda, como a produção exagerada dessas peças afeta o meio ambiente e os recursos naturais.
Outra ideia interessante e que se relaciona com as pautas da cultura regenerativa é comentada por Jacqueline Schmidt e David Friedlander: quando eles passaram a ser adeptos do minimalismo, tornou-se mais comum pedirem coisas aos amigos.
Logo, surge a noção de comunidade, em que você não precisa, como relatado por Jacqueline, comprar um vestido, visto que pode pegar emprestado um modelo com seu grupo de amigos.
O minimalismo vem, portanto, como uma possibilidade de compartilhar, de doar, de desacelerar, de salvar o planeta e de gerar impactos para além da vida íntima. Como o próprio Joshua aponta, ele traz consigo a ideia de amar pessoas e usar coisas, “porque o contrário nunca dá certo”.
O que podemos aprender?
Entendendo o conceito e os pontos-chave do documentário, a pergunta que fica é “o que aprendemos?”. A primeiro momento, conseguimos perceber que a relação entre felicidade e compras não é exatamente real. Somos levados a acreditar que, sim, adquirir um produto nos deixará mais contentes. No entanto, conforme um modelo novo é lançado, a tendência é retornar à insatisfação.
Podemos compreender, também, que não precisamos de tudo que temos à nossa volta para viver. Dezenas de roupas no armário, estantes repletas de livros, objetos decorativos em excesso, entre outros itens não irão nos deixar mais completos.
Por outro lado, isso não quer dizer que você deva acordar um dia e simplesmente colocar tudo para fora ou doar o seu guarda-roupa inteiro. É preciso analisar o que está à nossa volta para entender se aquilo é necessário, qual sentimento nos causa e se ainda é preciso manter determinado objeto por perto. Caso não seja, o item muito provavelmente será útil a outra pessoa.
É importante voltarmos nossa atenção, ainda, para os impactos que o consumo desenfreado causa no planeta. Nessa vertente, tornar-se adepto do minimalismo é uma forma de zelar pela natureza e pela diminuição de uma escala de produção que afeta todo o ecossistema da Terra.
Observar a relação entre “o que eu quero” e “o que eu preciso” permite a percepção de como toda a indústria midiática nos atinge e gera, ainda, a sensibilidade de poder contar com o outro.
Quando entende-se que não precisamos de um novo moletom só para aquela festa, compreendemos que é possível pedir a alguém próximo o modelo, higienizar devidamente e devolver depois. Assim, deixamos de ter coisas para ter relações.
O minimalismo surge como uma prática de autocuidado que faz com que analisemos o que está à nossa volta para ressignificar os itens de forma afetuosa e consciente. Trabalhamos emoção e razão ao nos questionar se e porque queremos determinado objeto.
Como levar as ideias do minimalismo para nossa vida?
Se, após assistir o documentário e entender os benefícios do minimalismo, surgiu em você a vontade de aplicar a filosofia em sua vida, é importante ir com calma.
Uma possibilidade é aplicar um dos métodos do próprio documentário, explicado por Courtney Carver: o projeto 333. Consiste em selecionar 33 artigos de vestuário (entre roupas, acessórios e calçados) para serem usados por três meses.
Durante esse tempo, você criará combinações apenas com as peças selecionadas. Essa atitude é indicada para começar porque leva à compreensão de que não usamos tudo que está no guarda-roupa. Ao mesmo tempo, faz você analisar o que exatamente é útil dentro da rotina.
O próximo passo é doar. Entendendo quais peças não saem do seu armário há um tempo, separe-as para dar a quem precisa. Assim, você estimula a solidariedade e ajuda o próximo enquanto muda seus hábitos.
O guarda-roupa é apenas o primeiro passo. Comece a analisar sua casa, as gavetas da sala, a cozinha e outros ambientes que podem estar repletos de utensílios que não são mais úteis dentro da sua rotina.
É sempre bom lembrar que a ideia do minimalismo é incitar o menos é mais de forma prazerosa. Logo, se você adora sua coleção de livros, não tem porque doá-la para abrir espaço na sala. Afinal, ela te fará uma falta emocional.
Levar em consideração as perguntas por trás do consumo consciente também é uma boa opção, que impacta diretamente o costume de adquirir desenfreadamente a que somos expostos todos os dias. São elas:
- Por que comprar?
- O que comprar?
- Como comprar?
- De quem comprar?
- Como usar?
- Como descartar?
Essas questões acompanham toda a vida do produto, de forma que faz você pensar sobre o motivo da compra, qual a melhor opção, com qual fornecedor adquirir, qual a melhor forma de cuidar do item e, após a utilização, como descartá-lo de forma consciente.
Aos poucos, você vai remodelando sua casa com apenas o que precisa e consegue, assim, inserir o minimalismo na sua vida íntima. Dessa forma, auxilia na regeneração do planeta ao pensar seus hábitos de consumo e os impactos dele pessoal e coletivamente.
Para receber os conteúdos do blog da Bambual Editora em primeira mão, no e-mail, cadastre-se no formulário abaixo! Semanalmente, enviamos dicas de documentários, ações e práticas que ajudam a construir um novo mundo.
A comunicação não violenta e sua aplicação na vida íntima
Quando falamos sobre cultura regenerativa, existem pilares essenciais para construir um novo mundo, pautado em respeito, cuidado e visão sistêmica. Dentre eles, a comunicação não violenta se destaca como uma das técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.
Entender o que é a linguagem não agressiva ou comunicação autêntica, como aplicá-la na sua vida e quais seus benefícios em âmbito pessoal e social ajudam a construir ambientes pautados, principalmente, em amor, compaixão e colaboração.
Para tratar sobre o tema, conversamos com a facilitadora e escritora Cristina Lobato, profissional que aplica as técnicas de comunicação não violenta em sua vida pessoal e organizacional.
Cristina também é escritora do livro Ciranda do Ser, uma narrativa infanto-juvenil sobre linguagem não agressiva, e já redigiu um texto sobre relações familiares e comunicação não violenta para o nosso blog!
- Conheça o texto de Cristina: As relações familiares e a comunicação não violenta
Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre a pauta e sobre como praticar a linguagem não violenta.
O que é comunicação não violenta?
Teorizado pela primeira vez pelo americano Marshall Rosenberg, o termo se refere ao desenvolvimento e à utilização de uma linguagem com foco nos sentimentos e nas necessidades de quem compartilha (o emissor) e de quem ouve (o receptor) determinada mensagem.
A comunicação não violenta (CNV) é um processo que se estende para além da fala, de forma a adaptar nossos pensamentos, nosso posicionamento no mundo e nossa tomada de decisão. Ela parte do pressuposto, também descrito por Marshall, que todos os seres humanos são repletos de compaixão e, por isso, constrói interações pautadas em como os integrantes se sentem.
Cristina Lobato conta que, para entender a linguagem não agressiva de forma lúdica, podemos estabelecer a metáfora de uma árvore. Partindo deste ponto de vista, a CNV possui a raiz principal na conexão (entre o eu e o outro). O tronco é ilustrado como a maneira escolhida para desenvolver e expressar essa união (como a linguagem), enquanto os galhos são compostos de empatia e de autenticidade, que guiam a forma como nos comunicamos com outras pessoas.
Quando ouvimos os outros com base na empatia e nos expressamos com autenticidade, começamos a estimular potências – na nossa vida e nas demais –, que podem ser entendidas como felicidade, colaboração, e formas de que cada um esteja no mundo se sentindo bem.
Praticar a comunicação não violenta pode, ainda, estabelecer o poder com (com o outro, com o coletivo, com a comunidade, conosco, inclusive) e desenvolver ambientes em que cada pessoa desenvolva sua própria potência por se sentir à vontade e respeitado. De acordo com Cristina, as relações de poder que dominam e levam à submissão se enfraquecem conforme o uso da CNV.
O poder com está conectado com o fomento da potência no outro, já que objetiva desenvolver, em conjunto, a participação e a autonomia de cada indivíduo. Vínculos em que determinada pessoa está acima da outra passam a se horizontalizar e, por meio da comunicação não ofensiva, desenvolvemos sentimentos de sinergia.
A utilização da CNV coloca a linguagem como um elemento de revolução ao entender que ela é responsável pela construção de sentimentos que podem empoderar as pessoas e transformar a forma como lidamos com o coletivo.
Outro ponto importante sobre a comunicação não violenta comentado por Cristina está no fato de que ela desenvolve a alfabetização emocional, ou seja, a ampliação de um repertório de palavras para expressar diferentes sentimentos.
Ela prega um caminho de reconexão com um lado mais emocional e empático, característico da infância, em que conseguimos identificar com mais clareza sentimentos (sejam eles positivos ou negativos).
Conforme observamos o que expressamos, passamos a perceber que as mensagens emitidas geram sensações e sentimentos que podem, inclusive, machucar o outro. A CNV vem, portanto, para evitar essas situações.
Dessa forma, criamos uma revolução com base no amor, aplicando mudanças individuais que repercutem à nossa volta e em todos os âmbitos nos quais estamos inseridos (profissional, pessoal, familiar, entre outros).
Como aplicar a comunicação não violenta no dia a dia?
Entendendo o que é a comunicação não violenta, é preciso compreender como torná-la cotidiana. Em nossa conversa com a Cristina Lobato, essa foi uma pauta importante, tendo em mente que ir da teoria para a prática nem sempre é tão simples.
Segundo a facilitadora, o primeiro passo para a aplicação da CNV é assumir a responsabilidade pelo que você pensa e sente. Além disso, é preciso entender que as falas geram emoções no outro quando recebidas.
Podemos estabelecer, ainda, uma conexão entre essa responsabilidade e o viés inconsciente por trás de cada personalidade. Basicamente, muitas atitudes humanas geram sentimentos que nem sempre queremos ter.
Quando admitimos que, como seres humanos, vamos provocar sensações em quem está à nossa volta, torna-se mais simples compreender que precisamos cuidar do que falamos para não causar algo negativo ao outro.
Cristina também pontua que o uso da CNV começa anteriormente ao ato de falar: ela parte da ressignificação da forma como pensamos e das palavras que escolhemos usar, o que poderíamos entender como tomada de decisão.
Para ilustrar esse processo, podemos criar um paralelo com expressões racistas existentes na língua portuguesa do Brasil, como “criado-mudo”. A percepção de que o termo gera incômodo em pessoas pretas deve vir com a escolha de cortá-lo do dicionário pessoal para praticantes da comunicação não violenta.
Vale, ainda, realizar uma pesquisa de palavras que possuem cunhos preconceituosos e deixar de usá-las. Dessa forma, criamos ambientes e relações mais saudáveis e respeitosas para todos.
4 componentes da comunicação não violenta
Segundo Cristina Lobato, existem quatro componentes que auxiliam a aplicação da comunicação não violenta na vida íntima. Utilizá-las é simples e, com o tempo, vai se tornando parte da rotina.
1. Checagem
Também conhecida como espelhamento, observação ou chute empático, a checagem consiste em confirmar como determinada pessoa está se sentindo enquanto a interação acontece. A pergunta mais comum para ser feita nesses momentos é “você está feliz?”, uma forma de dar abertura para que o outro se expresse.
Questionar se determinado termo causa desconforto também é uma forma de colocar a checagem em prática. Assim, consegue criar enunciados que não causem desconforto.
2. Responsabilização
A responsabilização é uma forma de, como o próprio nome sugere, comprometer-se com o que está sendo dito. Para que seja feita de forma mais direta, o falante precisa construir enunciados na primeira pessoa. Evite generalizações e falas que coloquem o foco da narrativa no “nós” e, sim, em como você se sente e quais suas necessidades na relação em que está.
3. Sistema de apoio
Praticar a comunicação não violenta significa, também, expor mais seus sentimentos e precisar lidar com os sentimentos das outras pessoas, algo que pode ser desconfortável em ambas situações. Por isso, durante o processo, é comum se sentir sensível. Contar com ajuda terapêutica e com grupos de apoio mútuo pode ajudar a lidar com as emoções que surgem e com as transformações pessoais que a CNV causa.
Existem também grupos de prática da linguagem não agressiva, que estimulam iniciantes a compreendê-la e inseri-la na sua vida pessoal, como o desenvolvido pelo Instituto Nhandecy, em Curitiba, e criado após um encontro entre a Rede CNV Brasil e Educação Gaia Paraná.
4. “Como você está?”
A pergunta de ouro dentro da comunicação não violenta pode até parecer simples, mas vem junto de um convite amistoso e genuíno para que as pessoas compartilhem seus sentimentos efetivamente e digam quais suas necessidades naquele momento, além de criar conexões pautadas em afeto, empatia e carinho.
Boas práticas para começar na comunicação não violenta
Um bom exemplo para começar a praticar a comunicação não violenta é, como comentado, realizar uma pesquisa sobre termos e construções preconceituosas dentro do próprio Google. Dessa forma, descobre o que deve ser cortado do seu dicionário pessoal para respeitar e não ferir outras pessoas.
Existem inúmeras palavras racistas, homofóbicas, capacitistas e machistas dentro da língua portuguesa do Brasil. Evidentemente, é impossível decorar todas elas e deixá-las de lado de imediato, porém, com o tempo, elas vão cair em desuso de forma natural.
Fazer uma listinha com esses termos também é uma ideia. Coloque na bolsa ou até na capinha do celular e carregue com você para os lugares que for para que sempre consiga lembrar-se do que não utilizar.
No começo, não tenha receio de pedir desculpas. Depois de anos falando sem cuidados, é comum deixar passar algumas construções. Corrija-se em seguida, peça desculpas e, com certeza, as pessoas notarão que você está no caminho para aprender.
Ouvir relatos pessoais também é uma ótima prática e pode ser desenvolvida com o uso do “como você está?”. Cristina comenta como, certa vez, uma mulher negra disse para ela que o uso de “esclarecer” a incomodava e, desde então, a facilitadora trabalha para não usar mais este verbo.
Com esses primeiros passos, você consegue desenvolver cada vez mais uma linguagem que seja menos violenta, respeitando a diferença singular em cada existência.
Para receber mais dicas, conteúdos e novidades no seu e-mail, assine a newsletter da Bambual Editora, preenchendo o formulário abaixo, e fique atento à sua caixa de entrada. Toda semana temos novidades por lá!
Conheça o documentário Nosso Planeta e suas ideias
A arte possui o poder de encontrar em seus diferentes formatos caminhos para entreter, nutrir e transformar pessoas. É com excelência que o documentário Nosso Planeta, lançado pela Netflix em parceria com David Attenborough e WWF (World Wide Fund for Nature), atinge esses três pontos.
Se você não conhece a série documental, vai se apaixonar por ela nas primeiras imagens. Gravada durante quatro anos, com a ajuda de mais de 600 pessoas e passando por 50 países ao redor do mundo, ela reúne imagens nunca antes vistas da Terra.
Pautado pelo preceito de que “nunca foi tão importante entender como a Natureza funciona”, frase de Attenborough, Nosso Planeta é uma homenagem à capacidade de se reconstruir e de se reinventar da Natureza, ao mesmo tempo que nos lembra que, ainda assim, ela pode ser apoiada por nós.
Para entender mais sobre o documentário, quais os episódios, quem é seu criador e qual a relação dele com a regeneração do planeta, continue a leitura!
Nosso Planeta: o documentário
Nosso Planeta, da Netflix, (em inglês, Our Planet) é um documentário dividido em oito episódios que reúne imagens feitas ao redor do mundo – e pela primeira vez registradas – sobre a vida selvagem, a beleza natural da Terra, as extraordinárias criaturas vivas, as mudanças climáticas e o impacto que elas estão ocasionando para nossa existência.
A riqueza de detalhes advindas das filmagens em tecnologia 4K se fundem à qualidade de som e nos transporta para dentro das cenas. A proximidade (por mais que virtual) das belezas naturais desperta um sentimento de conexão e de sensibilidade, tornando o documentário narrado por Attenborough inovador e visionário.
A cada episódio, conhecemos e nos aproximamos mais do lugar o qual chamamos de lar: nosso planeta. Ao final do texto, reunimos uma lista com cada episódio comentado. Continue a leitura e confira!
Quem é David Attenborough?
Nascido em 1926, em Isleworth, Londres, David Frederick Attenborough é um naturalista conhecido mundialmente por seus documentários e por seu ativismo acerca de questões ambientais e ecológicas em seus 94 anos de existência.
Na extensa lista de trabalhos desenvolvidos por Attenborough, são exemplos os A Vida na Terra, Planeta Azul, Planeta Terra, Nosso Planeta (disponível na Netflix desde 2019) e seu mais novo relato pessoal, também disponível no serviço de streaming, David Attenborough – Uma vida em nosso planeta. Confira o trailer:
Atualmente, David vai além da documentação das espécies vivas e do relato de como todos estamos conectados. O naturalista participa ativamente de eventos sobre a pauta ecológica, tornando mais conhecida a necessidade de regenerar o mundo para que desastres sejam evitados.
Em seu documentário David Attenborough – Uma vida em nosso planeta, imagens de seus trabalhos se únem à narrativa para ilustrar como, desde o nascimento de David, a Terra vem passando por mudanças, como o crescimento da vida humana, o aumento da emissão de carbono e a diminuição assustadora da vida selvagem.
Ao mesmo tempo em que temos uma aula de história, de ciências e de pautas atuais, entendemos como o ser humano é parte da natureza, não um elemento externo a ela. Como afirma o próprio naturalista: “Neste mundo, uma espécie só prospera se outra prosperar também”.
Para além dos ensinamentos e da consciência que o documentário gera, David compartilha conosco sua visão de futuro pautada em regeneração e na construção de ambientes em que vivemos em conjunto com o todo, demonstrando como o futuro depende da ação humana.
A visão de futuro possível de David Attenborough
Ainda em seu documentário pessoal, David relata sua visão para um futuro possível e quais mudanças precisamos implementar em nossos hábitos, como seres humanos, para construí-los.
O primeiro ponto comentado por Attenborough se relaciona com as energias sustentáveis, principais meios para reduzir a emissão de gases na atmosfera, diminuir os impactos ambientais causados por poluentes e melhorar a qualidade do ar.
Repensar as áreas de pesca e criar regras para melhorar a qualidade da água também é uma ação fundamental. Desenvolver ambientes propícios e seguros para que peixes e animais aquáticos consigam se reproduzir é uma maneira de preservar ecossistemas marinhos e fluviais saudáveis.
O terceiro ponto salientado por David é a necessidade em diminuir trabalhos e avanços agrícolas, visto que florestas e habitats naturais cada vez mais são devastados para que a atividade progrida.
O que nos leva à quarta ação para criação de um futuro possível exposta pelo naturalista: repensar nossa dieta. Quando diminuímos o consumo de carne, estimulamos a plantação de plantas, de ambientes verdes e de soluções ecológicas para a alimentação (além de, geralmente, mais baratas).
Por fim, David pontua a necessidade urgente de diminuir o desmatamento e a ação humana sobre ecossistemas. Dessa forma, ele propõe uma regeneração completa de diferentes sistemas naturais, defendendo que a melhor maneira de construir um futuro agradável e propício à vida humana é nos tornando conscientes de que somos integrantes da Natureza, não uma parte dominante dela (como temos feito por anos).
A cultura regenerativa e seu papel para um novo mundo
A cultura regenerativa tem como base a co-responsabilidade, na visão sistêmica do mundo, na tomada de consciência sobre nossos impactos na Terra e em ações para construir um mundo novo e possível para todos.
Ela se relaciona diretamente com os elementos propostos por David, os quais são focados em entender toda a existência como correlacionada e parte de um todo: a vida na Terra. Na Natureza, todos somos iguais, da menor formiga ao maior elefante. Os seres humanos, portanto, fazem parte disto e a única coisa que nos distingue é a habilidade cognitiva.
É justamente a inteligência e, sobretudo, a sabedoria por trás de nossas ações que deveriam construir uma realidade pautada em respeito e em coletividade.
Lista de episódios
Para descobrir o que esperar de cada episódio da série documental narrada por Attenborough, separamos o tema central de cada episódio e quais imagens ocuparão. Espie só:
Episódio 1: Um só planeta
A abertura da série acontece por meio de um episódio com cerca de 50 minutos, que passa por cada uma das diversidades naturais encontradas na Terra. Pássaros que se jogam ao oceano, anchovas sendo caçadas, gnus que enganam cães selvagens e outros componentes dos habitats são exibidos, cena após cena, para ilustrar como os seres vivos estão relacionados entre si.
Em Um só planeta conseguimos visualizar como as relações globais influenciam a diversidade de vidas encontradas ao redor do globo.
Episódio 2: Mundos congelados
A partir de uma visão do todo, a série documental começa a afunilar os registros. No segundo episódio, acompanhamos ursos-polares, pinguins, focas e leões-marinhos ao mesmo tempo em que entendemos como as mudanças climáticas têm destruído os paraísos congelados do mundo.
Em Mundos congelados, descobrimos que os polos são umas das últimas regiões selvagens que restam na Terra. Com o aquecimento global, esse universo de gelo está desaparecendo cada vez mais rapidamente, influenciando a vida existente nele e além dele.
Revoluções tecnológicas e energias limpas e renováveis são as únicas maneiras de salvar os Mundos congelados. Esse capítulo de Nosso Planeta analisa e comenta cada um desses tópicos.
Episódio 3: Selvas
Esse episódio relata como toda parte é essencial nas selvas, os ecossistemas mais antigos e repletos de variedades no planeta. As espécies constituem micromundos conectados e dependentes entre si.
Em Selvas, percebemos que a vida evoluiu moldando cada nicho ao mesmo tempo em que um alarme soa para o fato de que o desmatamento está acabando com a variedade de espécies. A premissa do episódio está em proteger, administrar e valorizar o que restou, sem derrubar mais uma árvore sequer.
Episódio 4: Mares costeiros
Noventa por cento das criaturas marinhas ocupam o habitat foco deste capítulo da série: as costas dos mares. Tubarões e ouriços-do-mar entram em foco para ilustrar como animais e comunidades de plantas trabalham juntos para a saúde do planeta e da humanidade.
Os mares costeiros são, também, zonas queridas para pescadores. O propósito desse episódio é nos atentar para a falta de proteção desses ecossistemas, relacionando essa necessidade com a saúde do planeta.
Episódio 5: Dos desertos aos campos
Dos desertos aos campos retrata a imensa vida por trás do que já ocupou um quarto do nosso planeta. Atualmente, nós, seres humanos, transformamos-os em terras de cultivos e rebanhos selvagens em agrupamento de animais domésticos.
A beleza por trás de elefantes, bisões, lagartas e guepardos traz a empatia nesse capítulo da série. Ao mesmo tempo, somos convidados a repensar nossa dieta alimentar e nossa agricultura a fim de proteger e guardar os campos e desertos restantes no mundo.
O episódio traz, ainda, um dado alarmante: 96% dos mamíferos encontrados na Terra atualmente possuem relação com interesses humanos. O restante (4%) é a soma de todos os mamíferos selvagens. Esse número demonstra como a Natureza está desaparecendo sob o domínio de nossas ações, de forma que precisamos repensar a maneira como lidamos com ela com urgência.
Episódio 6: Oceanos além das fronteiras
Além da costa, oceanos e mares profundos abrigam criaturas incríveis e belas, muitas nunca vistas pelo olho humano. Nesse capítulo, descobrimos que os altos-mares são os maiores ecossistemas do mundo, necessários para toda a existência e sem donos.
A falta de regulamentação formal que oficialize as atividades realizadas em alto-mar causou uma grande devastação da vida selvagem presente na ponta em que conseguimos tocar deste habitat.
Por outro lado, Attenborough salienta como é também neste espaço que a preservação das baleias tem sido um dos maiores sucessos da conservação ambiental. A urgência, agora, é encontrar uma forma de proteger e compartilhar as belezas vindas do espaço além da costa.
Episódio 7: Água doce
A maior necessidade da vida na terra, água doce, toma a tela no sexto episódio de Nosso Planeta. Ele retrata como cada gota é vital e, para além disso, finita. Cachoeiras, rios e seres vivos compõem as imagens extraordinárias desse capítulo.
Ao mesmo tempo, David Attenborough salienta como a alteração do fluxo dos rios tornou impossível que determinadas espécies tivessem acesso à fonte de vida mais natural e necessária da Terra. Ele explica, ainda, como precisamos repensar e nos conscientizar sobre o consumo de água doce.
Episódio 8: Florestas
As florestas são habitats em que toda a vida estabelece relação de interdependência. Sem elas, não conheceríamos a vida da forma que ela existe. Ainda assim, devastamos e destruímos extensões gigantescas desses ecossistemas.
Novamente, espécies de animais e cenas incríveis comovem o telespectador. Além disso, o último episódio da série documental vem com esperança: demonstra a capacidade de regeneração e de reconstrução do nosso planeta. É a imagem clara de que, com ações bem direcionadas e conscientes, conseguimos um futuro diferente do presente.
Gostou desse texto? Para receber mais dicas de documentários, conteúdos e livros sobre como construir um novo mundo assine a newsletter da Bambual Editora, preenchendo o formulário abaixo, e fique de olho na sua caixa de entrada. Semanalmente, enviamos novidades por lá!